sexta-feira, 26 de outubro de 2012

0000000000000000000000000000000000 Uma versão inicial do artigo a seguir foi publicada, sem indicação de autor, na edição de janeiro de 2009 do boletim eletrônico "O Teosofista". 000000000000000000000000000000000000000000000000000 A consciência planetária do século 21 tende, naturalmente, a re-examinar o mundo do sagrado adotando o ponto de vista do bom senso. Já é hora, portanto, de enfrentar uma pergunta incômoda: será possível que a idéia de um Deus monoteísta seja uma das fontes mais importantes dos constantes conflitos que vemos no Oriente Médio desde o tempo das cruzadas? A resposta parece ser afirmativa. A idéia de um Deus pessoal e nacionalista está presente na Torá judaica, no Velho Testamento cristão e no Alcorão islâmico. As três religiões têm origens tribais. A sua religiosidade institucional, predominantemente dogmática, legitima as guerras e a violência. É verdade que a religião judaica e o povo que a segue sofreram perseguições incomparáveis nos últimos dois mil anos, e só recentemente o povo judeu passou a ser capaz de defender-se, freqüentemente de modo muito violento. Mas a pergunta essencial é: "Qual a relação entre o conceito de Deus e a ameaça mundial causada hoje pelo terrorismo e por outras formas de obscurantismo religioso?" A filosofia esotérica ensina que há muitos tipos diferentes de inteligência divina no cosmo, e que o caminho espiritual é não-violento, plural e diversificado. Os teólogos das religiões monoteístas, porém, imaginam um deus exclusivista, autoritário, individualizado, situado fora do cosmo, um deus pessoal, e politicamente controlado por esta ou aquela instituição que afirma representá-lo. Este deus, supostamente, decidiu um dia, como por um capricho, criar o universo e colocar a Terra, fixa, no seu centro. O mesmo Deus vem promovendo e abençoando há milênios a guerra, a violência e a injustiça. Tal idéia teológica é um absurdo. Fica claro que este deus foi criado à imagem e à semelhança de sacerdotes limitados por uma estreita visão tribal do mundo e do universo. Mas nem sempre houve monoteísmo. Na Grécia, Roma e Egito antigos, havia uma pluralidade de deuses. O mesmo ocorria nas tradições religiosas dos povos indígenas das Américas. No hinduísmo, os deuses são plurais. No judaísmo esotérico, também: "Elohim" é uma palavra que indica plural, como ressalta H.P. Blavatsky. Até no cristianismo existem as "hostes celestes". O budismo e o taoísmo, por sua vez, são duas religiões que não vêem necessidade de usar o enganoso conceito de "Deus". O fato é que a idéia de um Deus monoteísta foi imposto à humanidade durante a idade média, para servir como um imperador absoluto dos céus, modelo e fonte de legitimidade para o domínio totalitário do Papa e de outros monarcas supostamente divinos. A filosofia esotérica, porém, considera que a verdadeira religiosidade jamais se separa da Razão. Um Mestre de Sabedoria âˆ' que inspira o movimento esotérico moderno âˆ' escreveu: "O Deus dos teólogos é simplesmente um poder imaginário (...), um poder que até agora nunca se manifestou. Nossa principal meta é libertar a humanidade deste pesadelo, ensinar ao homem a virtude pelo bem da virtude, e ensiná-lo a caminhar pela vida confiando em si mesmo, ao invés de depender de uma muleta teológica que por eras incontáveis foi a causa direta de quase toda a miséria humana." [1] Estas palavras claras são muito úteis na atual situação do Oriente Médio. O Mestre acrescentou: "É a crença em Deus e nos Deuses que faz de dois terços da humanidade escravos de um punhado daqueles que os enganam com o falso pretexto de salvá-los. O homem não está sempre pronto a cometer qualquer tipo de maldade se lhe disserem que seu Deus ou Deuses exigem o crime - vítima voluntária de um Deus ilusório, escravo abjeto de seus ministros astuciosos? (...) Durante dois mil anos a Índia gemeu sob o peso das castas, com os brâmanes engordando só a si mesmos com o melhor da terra, e hoje os seguidores de Cristo e os de Maomé estão cortando as gargantas uns dos outros em nome - e para maior glória - dos seus respectivos mitos. Lembre que a soma da miséria humana nunca será diminuída até aquele dia em que a parte melhor da humanidade destruir em nome da Verdade, da moralidade e da caridade universal, os altares dos seus falsos deuses." [2] Neste aspecto, o Mestre coincide com o ponto de vista científico e com a filosofia clássica ocidental. A única religião que jamais promoveu uma guerra é o budismo. E o budismo é uma religião filosófica, que sempre esteve livre do conceito de "Deus". A crença monoteísta externaliza a divindade, ignorando o fato de que a divindade está sobretudo dentro da consciência de cada ser humano. E sempre que "deus" passa a ser algo externo, surgem as castas sacerdotais profissionalizadas, e começam a ser promovidas as guerras e outros esquemas opressivos, para matar e dominar em nome de deus. A verdade é freqüentemente incômoda e "politicamente incorreta". A carta em que o Mestre escreveu as palavras acima é tão forte e tão verdadeira que suas idéias vêm sendo sistematicamente ignoradas em amplos setores do próprio movimento teosófico. Para cumprir sua missão, no entanto, o movimento esotérico deve colocar a verdade acima das conveniências e abordar claramente as fontes do sofrimento humano. NOTAS: [1] "Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett", Ed. Teosófica, Brasília, Carta 88, volume II, p. 55. A carta pode ser encontrada em www.FilosofiaEsoterica.com, www.TeosofiaOriginal.com ewww.VislumbresdaOutraMargem.com sob o título de "Mestres Ensinam Que Não Há Deus". [2] "Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett", Ed. Teosófica, Carta 88, volume II, pp. 61-62. 00000000000000000 Visite sempre www.Filosofiaesoterica.com , www.TeosofiaOriginal.com ewww.VislumbresdaOutraMargem.com. Acompanhe nosso trabalho no Facebook . Siga-nos pelo Twitter . Para ter acesso a um estudo diário da teosofia original, escreva a lutbr@terra.com.br e pergunte como é possível acompanhar o trabalho do e-grupo SerAtento. 000000000000000000000000000000000000000000000000000

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