RECLAMAÇÃO TRABALHISTA POR EXCESSO DE HORAS DE TRABALHO DA EQUIPE DIRIGENTE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE!!! Gilson Carvalho
Estive participando de reuniões em Brasilia e recebi, na entrada do Ministério da Saúde, o Boletim do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF. O texto que me chamou a atenção foi o seguinte:
“MINISTÉRIO DA SAÚDE – Servidores reclamam de abuso na carga horária. – Servidores que trabalham diretamente com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lotados no gabinete (5º andar), bem como motoristas e ascensoristas, além da assessoria jurídica (3º e 6º andares), reclamam da carga horária abusiva e relatam que muitos estão trabalhando até altas horas da madrugada. O Sindisep- DF reforça que esta condição de trabalho dos servidores do MS é desumana e ainda há o agravante de os servidores não terem direito a receber as horas extras trabalhadas. O Sindsep-DF solicitou audiência com a coordenadora geral de Recursos Humanos do ministério para tratar do assunto. Fonte: Esplanada Geral – Boletim do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Distrito Federal. Sindsep – DF Ano XXIII – nº 398 – 24 de janeiro a 7 de fevereiro de 2011.”
Digo que a notícia faz parte do mundo de Kafka. De um lado o louvor de uma equipe que entra e procura usar todo o tempo possível para colocar-se a par das questões da gestão da saúde. Anda fazendo das tripas o coração para vencer esta primeira etapa de reconhecimento do terreno e apagamento de fogueiras, algumas até de vaidades.
De outro lado vejo a reclamação dos servidores que comentam este excesso de trabalho dos dirigentes mas que repercute neles: pessoal de apoio, secretárias, motoristas e ascensoristas e juristas da procuradoria.
O inusitado para mim é justamente que, pela primeira vez, vejo uma reclamação trabalhista dentro do serviço público, contra as chefias pois estão trabalhando demais e até mesmo fora de horário!!!
Estou comentando por, como dirigente lá e cá, eu ter feito o mesmo em alguns cargos ocupados, inclusive no Ministério da Saúde. Primeira regra para os contumazes praticantes do workaholismo: dispensar todo pessoal de apoio no seu limite de horário de trabalho e ficar trabalhando sozinho ou com aqueles que queiram, em idênticas condições, partilhar este trabalho. Acabava ficando sozinho trabalhando, colocando em dia minhas tarefas. Passei a ter um problema sério no Ministério da Saúde que me limitava o horário de saída. Impreterivelmente às 23 hs o guarda tocava meu telefone e me dizia assim: “ Doutor, já são 23 hs e o pessoal da limpeza quer saber se o senhor já vai embora!” Vejam só: Eu era pressionado para reduzir minha carga horária extra, não remunerada, pela turma da limpeza. Sabia que não era para limparem minha sala pois já o tinham feito.O motivo do cuidado deles com meu excesso de trabalho era bem outro. Naqueles anos eu tinha uma furgolaine velha com 11 lugares que sempre usei para meu deslocamento entre casa-ministério-aeroporto. Quando saia às 23 hs ou um pouco mais, me acostumei a oferecer carona para o pessoal da limpeza que terminava seu turno e teria que ir a pé até a rodoviária! Queriam saber se eu já estava indo embora pois, estavam atrás da carona amiga a que se habituaram receber!
Voltando ao kafkaniano tem-se que buscar saídas para este desconforto e aqui vão minhas sugestões:
1. Os dirigentes poderiam, na rotina, exceder menos em sua carga de trabalho. Pela sua saúde e bom senso! Deixar para a exceção da exceção! Poderiam até invertam a lógica: chegar mais cedo, por exemplo de madrugada e sair mais cedo; (por sair tarde e chegar cedo levei o apelido de leiteiro com aquele carrão enorme, na porta do MS!)
2. Enquanto permanecer a necessidade e vontade de trabalhar 20 horas por dia, que façam apenas, por opção individual os dirigentes que assim o queiram, dispensando o pessoal de apoio;
3. Se imprescindível, que se faça rodízio entre aqueles que dão apoio ao Ministro e sua equipe, com dois ou três turnos de trabalho.
4. Se impossíveis os turnos, que se paguem com justiça as horas extras de todos que excederem sua carga contratual, dentro dos dispositivos legais.
Kafka iria se sentir prejudicado, mas nós cidadãos agradecemos a dedicação dos incansáveis, mas que não deixem de seguir, com os demais trabalhadores do Ministério, as regras da lei.
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